domingo, 15 de maio de 2011

Sobre quem não sabe ouvir

Sempre achei que nas discussões o que menos importa é a busca pela verdade. Transigente demais, não encaro esses embates de ideias como uma luta, na qual vencer e perder são os únicos fins. Tenho o entendimento de que discussões servem muito mais para promover um crescimento no saber, ampliando o campo de visão, nos dando novas perspectivas de enxergar a vida e suas circunstâncias, do que para ostentar a bandeira de dono da razão absoluta. Até porque, se trata de diálogo e não de duelo. Por isso mesmo, me incomoda bastante as pessoas que não sabem ouvir - aquelas cujo o universo é tão concreto que nem terremotos consecutivos, como os de Fukushima, conseguem estremecê-lo.




Normalmente, esses indivíduos, no momento em que você fala, ficam fazendo o movimento de negação com a cabeça, e nem por um momento cessa para ouvir e assimilar uma frase sequer que está sendo dita. De convicções e opiniões extremamente cristalizadas, esses maus ouvintes usam o seu momento de silêncio para procurar argumentos que desqualifiquem o que está sendo dito. Isso quando ainda há o que argumentar, quando não, tratam logo de elevar o tom de voz. Uma tentativa pífia de engrandecer sua ideia. No entanto, nunca param para refletir no que está sendo dito, nem para dar o benefício da dúvida ao seu interlocutor.

É um saco gente assim, cujo sistema de pensar não se renova e termina por cristalizar suas convicções. A falta de porosidade os torna velhos, arrogantes e, por tabela, insuportáveis. E pior, precocemente.