segunda-feira, 6 de junho de 2011

Felicidade a olho nu

A escritora Danuza Leão certa vez disse, sabiamente, que a felicidade não se tratava de um lugar, um destino final, mas sim de um caminho, pelo qual nós passávamos e, muitas vezes, nem nos dávamos conta disso. Dou toda razão, é como se estivéssemos perdendo a capacidade e enxergar nas pequenas coisas cotidianas os lampejos de felicidade. Na contramão disso, vamos buscando, cada vez mais, artifícios que nos possibilitem o acesso ao tão desejado status de feliz.

É bem verdade que a vida anda puxada, e exigindo muito da gente. Mas convenhamos, já estamos calejados suficientemente para nos defendermos dessas emboscadas cotidianas. No meu caso, elenquei como resolução de vida evitar qualquer discussão e dizer sim a tudo. Cansei das polainas da vida, acessórios emocionais desnecessários que não servem para rigorosamente nada, mas que te dão uma banca de qualquer coisa que você não é. Nada de orgulho, quero o básico e o clássico.



Veja bem, ao acordar, abro os olhos e vejo a luz do dia. Ligo o chuveiro para tomar banho, tem água, e ela tá saindo quente. O jornal já está em cima da mesa. Greta, minha cadela, está brincando. Que as razões para estar feliz sejam as mais ordinárias, não tem importância, pois bastava que uma delas estivesse dando errado para eu começar o dia de mau humor. Quer ver só? Meu computador está em ordem? Sim. Nem por um instante penso nisso, mas se a internet não estivesse funcionando, seria o caos. Alguma coisa me obriga a ligar para qualquer SAC? Deus é maior, nada.

É tudo uma questão de foco, ponto de vista, e do que realmente você quer para si. Ao entrar no mar de manhã cedo, por exemplo, você pode contemplar a magia da natureza naquele momento, ou simplesmente reclamar da temperatura da água. E assim vamos caminhando no dia a dia, com muitas razões para estar sossegados, mas dando uma atenção exagerada a coisas que nos perturbam o tempo todo. Entre as minhas resoluções para as adversidades está o bordão “É o que tem para hoje”. Seja para a comida que estiver ruim, um trabalho chato a ser feito, ou qualquer coisa que eu julgo não merecer estar passando, mas alguém quer que eu passe. Solto um “É o que tem para hoje”, me conformo, e lembro, tantas vezes quanto possível, das coisas boas que a vida também está me dando. E assim tento ser mais feliz.