domingo, 31 de julho de 2011

Luan Santana: apenas um menino robotizado

O cachê e a conta bancária são de gente grande. As atitudes, incoerentemente, de moleque. Sem dúvidas, Luan Santana é uma máquina de produzir hits. Nas rádios, consegue pôr entre as dez mais tocadas, pelo menos umas três de suas músicas – um grande feito, diga-se de passagem. Mas no palco é pequeno, franzino, sem presença e robotizado. Um artista feito para agradar e só isso. Entra no automático e fica nesse status até o final de sua apresentação, sem demonstrar sequer um lampejo de carisma. Solta algumas frases clichês do tipo “sou apaixonado pelas minhas fãs”, “vocês são a coisa mais linda do mundo”, elas, iludidas, acreditam, claro.


Quando, no último sábado (30), atrasou sua apresentação no Maior Show do Mundo em cerca de duas horas, Luan deu uma prova material do que estou falando. Por conta do atraso, foi recebido sob um coro de vaias. Mas como disse anteriormente, ele estava no automático, parecia não ouvir aquilo. Emendou um hit no outro durante os 45 minutos que teve a sua disposição –já que seu tempo de show teve duração encurtada para não prejudicar o line up do evento. Ao terminar o show, ele justificou para a imprensa no camarim, que o atraso foi devido a um problema em sua aeronave. Já que era “verdade”, Luan foi covarde e imaturo. Deveria ter enfrentado o público e ter dito isso a ele, e não só à imprensa. Afinal de contas, é com os seus fãs sua maior dívida, que ali esteve em pé, durante horas e debaixo de chuva. Grupo esse formado por muitas crianças.

Luan não teve peito para sequer pedir desculpas. O seu “piloto automático” o impediu de fazer isso. E como se o ato de pedir desculpas, por qualquer deslize que for, fosse algo grandioso. Pedir desculpas é, antes de tudo, educação doméstica. Mas tudo em sua apresentação é meticulosamente programado, e se algo fugir ao script não existe reparação instantânea, o eximindo de corrigir qualquer deslize. Mas Luan não tem jogo de cintura. Poderia ter se explicado e virado o jogo ao seu favor, mas não o fez. É pequeno, imaturo e robotizado demais para isso. Se não o fez, teve quem fizesse. Naquela noite, o Rei das FM´s encontrou uma mãe, um anjo de guarda, com nome e sobrenome: Ivete Sangalo. Ivete estava no local do show três horas antes de subir ao palco e soube do mal estar entre Luan e a plateia. Entrou no camarim dele, trocou algumas palavras com o mesmo e descobriu como resolver o problema.


No meio de sua apresentação, a cantora baiana usou de sua intimidade com o público pernambucano para contar uma história: certa vez estava voando para o Rio de Janeiro e, devido a um mau tempo, precisou pousar forçadamente em Belo Horizonte, o que culminou em atraso em um programa de TV. Chegou no estúdio, restando 15 minutos para acabar o programa, cantou menos do que estava programado, e que pediu desculpas ao público e ao apresentador pela demora. Disse que, muitas vezes, algumas coisas fogem do controle do artista, que está submisso à natureza e seus fenômenos.

Grande, soberana e generosa - e sem ter nada haver com aquilo tudo, ela usou o seu exemplo como esteira para desculpar o problema acontecido Luan, falando que o artista tem que ter uma oportunidade para se desculpar - Luan teve a dele, mas não soube usar - Ivete usou seu carisma e respaldo com os recifenses para trazer novamente Luan ao palco, desfazendo o infortúnio dele. Ele entrou, visivelmente, mais seguro (estava com a “mãe” do lado), usou Ivete de escudo e, juntos, cantaram três músicas. Terminou a noite menos queimado com Recife, e sem o peso nas costas que um coro de vaia traz. Espero que a lição sirva para Luan, que está começando e ainda tem muito, mas muito, para aprender. Afinal de contas, humildade, jogo de cintura e menos orgulho não faz mal a ninguém. Além do que, não é todo dia que uma “Ivete” aparece no nosso caminho para segurar as pontas.





Aos descontentes com o texto: Se a alguém interessa saber, vou lembrar. Isso aqui é um blog. Trata-se, genuínamente, de uma expressão pessoal. Opinião minha, logo, falo sobre o que eu quiser, e como quiser. É uma perspectiva que criei para mim: escrever sobre as coisas que julgo entender da forma que me é conveniente. A palavra ainda é o meu domínio sobre o mundo. E a diversidade das experiências que elaboro por aqui é tão rica para mim, e para alguns leitores, que só posso lamentar que mais pessoas não tenham essa oportunidade. Talvez seja essa falta de perspectivas que gerou um “debate” (e põe aspas nisso) tão inócuo – para não falar dos comentários que recebi aqui e na minha caixa postal (invariavelmente anônimos, claro), que beiravam (quando não ultrapassavam) o limite da cordialidade virtual – uma tentativa pífia de transformar episódio num escândalo.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Felicidade a olho nu

A escritora Danuza Leão certa vez disse, sabiamente, que a felicidade não se tratava de um lugar, um destino final, mas sim de um caminho, pelo qual nós passávamos e, muitas vezes, nem nos dávamos conta disso. Dou toda razão, é como se estivéssemos perdendo a capacidade e enxergar nas pequenas coisas cotidianas os lampejos de felicidade. Na contramão disso, vamos buscando, cada vez mais, artifícios que nos possibilitem o acesso ao tão desejado status de feliz.

É bem verdade que a vida anda puxada, e exigindo muito da gente. Mas convenhamos, já estamos calejados suficientemente para nos defendermos dessas emboscadas cotidianas. No meu caso, elenquei como resolução de vida evitar qualquer discussão e dizer sim a tudo. Cansei das polainas da vida, acessórios emocionais desnecessários que não servem para rigorosamente nada, mas que te dão uma banca de qualquer coisa que você não é. Nada de orgulho, quero o básico e o clássico.



Veja bem, ao acordar, abro os olhos e vejo a luz do dia. Ligo o chuveiro para tomar banho, tem água, e ela tá saindo quente. O jornal já está em cima da mesa. Greta, minha cadela, está brincando. Que as razões para estar feliz sejam as mais ordinárias, não tem importância, pois bastava que uma delas estivesse dando errado para eu começar o dia de mau humor. Quer ver só? Meu computador está em ordem? Sim. Nem por um instante penso nisso, mas se a internet não estivesse funcionando, seria o caos. Alguma coisa me obriga a ligar para qualquer SAC? Deus é maior, nada.

É tudo uma questão de foco, ponto de vista, e do que realmente você quer para si. Ao entrar no mar de manhã cedo, por exemplo, você pode contemplar a magia da natureza naquele momento, ou simplesmente reclamar da temperatura da água. E assim vamos caminhando no dia a dia, com muitas razões para estar sossegados, mas dando uma atenção exagerada a coisas que nos perturbam o tempo todo. Entre as minhas resoluções para as adversidades está o bordão “É o que tem para hoje”. Seja para a comida que estiver ruim, um trabalho chato a ser feito, ou qualquer coisa que eu julgo não merecer estar passando, mas alguém quer que eu passe. Solto um “É o que tem para hoje”, me conformo, e lembro, tantas vezes quanto possível, das coisas boas que a vida também está me dando. E assim tento ser mais feliz.

domingo, 15 de maio de 2011

Sobre quem não sabe ouvir

Sempre achei que nas discussões o que menos importa é a busca pela verdade. Transigente demais, não encaro esses embates de ideias como uma luta, na qual vencer e perder são os únicos fins. Tenho o entendimento de que discussões servem muito mais para promover um crescimento no saber, ampliando o campo de visão, nos dando novas perspectivas de enxergar a vida e suas circunstâncias, do que para ostentar a bandeira de dono da razão absoluta. Até porque, se trata de diálogo e não de duelo. Por isso mesmo, me incomoda bastante as pessoas que não sabem ouvir - aquelas cujo o universo é tão concreto que nem terremotos consecutivos, como os de Fukushima, conseguem estremecê-lo.




Normalmente, esses indivíduos, no momento em que você fala, ficam fazendo o movimento de negação com a cabeça, e nem por um momento cessa para ouvir e assimilar uma frase sequer que está sendo dita. De convicções e opiniões extremamente cristalizadas, esses maus ouvintes usam o seu momento de silêncio para procurar argumentos que desqualifiquem o que está sendo dito. Isso quando ainda há o que argumentar, quando não, tratam logo de elevar o tom de voz. Uma tentativa pífia de engrandecer sua ideia. No entanto, nunca param para refletir no que está sendo dito, nem para dar o benefício da dúvida ao seu interlocutor.

É um saco gente assim, cujo sistema de pensar não se renova e termina por cristalizar suas convicções. A falta de porosidade os torna velhos, arrogantes e, por tabela, insuportáveis. E pior, precocemente.

sábado, 9 de abril de 2011

Nota sobre uma velhice precoce

Não são raras às vezes em que escuto que estou ficando velho. Não no sentido físico, já que tenho me cuidado com um rigor espartano. Além da vergonha na cara, quando saio de casa é um tal de protetor solar fator 50, no cardápio do dia sempre tem maçã, castanha do Pará, chá verde, e essas coisas que dizem que retardam o envelhecimento. Mas não escrevo sobre dicas de beleza, ou de como conservá-la, e sim de estar velho de espírito, fato que é a mim imputado.


Joana, por exemplo, amiga que trabalha comigo, diz no alto de sua delicadeza de um terremoto acima de escala oito: “Deixa ser um velho, menino! Tu só tem 21 anos, deixa de pantinho. Afffff, sei não. Tu acha bonito isso, é?” Pior é que ela tem razão. Mas não é que eu busque essa “velhice”, apenas não tenho afinidades com determinadas posturas de encarar a vida. E noto que isso se deu de uns três anos para cá.

Quando tinha 18 anos, qualquer pessoa mais bem afeiçoada e com todos os dentes, já podia ser o grande amor da minha vida. Hoje, se a pessoa não tiver uma opinião formada sobre a Dilma, o boom econômico e a cultura liberal, já pode ser jogada na guilhotina do esquecimento. Antigamente, qualquer pano de chão que a empregada passasse na casa estava ótimo, e se ela se esquecesse de fazer alguma coisa, era apenas “doidinha” e “esquecida”, hoje, se ela chegar meia hora atrasada, já é motivo de estresse com direito a gastrite e dor de cabeça.


Com 18 anos, eu comia qualquer coisa e dormia em qualquer lugar. Agora, a comida tem que ser do dia, e o hotel tem que ter ar condicionado com porteiro educado e um café da manhã decente. Não sou do tipo aventureiro, que põe uma mochila nas costas e sai por aí desbravando o mundo. Gosto de acordar e saber, rigorosamente, o que vai acontecer comigo durante o dia. Tenho tendências a previsões. Não gosto de correr riscos. Se alguém me perguntar qual foi a maior aventura da minha vida, certamente não saberei responder. Não que tenha sido muitas, mas que provavelmente foram banais.

Sabemos que estamos ficando velhos, ou experientes, a partir do momento em que perdemos a capacidade de improvisar e ter jogo de cintura, ao tempo que nos enchemos de manias e rituais. O único problema de tudo isso é não conseguir se divertir com as coisas simples da vida, e isso, graças a Deus, ainda não perdi. Ainda sambo pelado um sambinha da Alcione na sala, leio o gibi do Chico Bento ouvindo Fafá de Belém só de cueca na cama, fuço no Orkut de pessoas que odiei no passado, entrego Oscar para mim no banheiro - com direito a discurso na frente do espelho - desço até o chão dançando brega, sambo na ponta do pé em lugares públicos, e paquero as pessoas no meio da rua sem medo de levar uma fluorescente na cara.

 

domingo, 30 de janeiro de 2011

RECEITA

O motivo da fuga total da proposta editorial deste blog é aceitável. Após vários pedidos de atualizações do mesmo, bem como solicitações dessa receita abaixo, decidi unir o útil ao agradável, por mais clichê que isso seja. Esse prato é unânime entre os meus amigos, que quando por aqui chegam, é recurso de primeira ordem para saciar a fome.

O nome é bem pintoso, mas acredite, a receita é mega fácil até aos menos habilidosos na cozinha. Ah, e rende muitos elogios

Vamos lá?

Fettuccine com Ragú de Toscana puxado no Vinho Tinto ao perfume de Dijön e Alecrim

Porção alentada para duas pessoas

 
Molho

3 linguiças toscanas de porco congeladas

4 colheres de sopa de azeite

3 colheres de sopas cheias de cebola picada

1 dente de alho picado

1 colher de sopa de mostarda dijön

1 colher de sopa de mostarda ancienne

1 taça de vinho tinto suave

1 xícara de molho de tomate

1 tablete de caldo de costela

10 folhas de alecrim

Pimenta do reino a gosto

Sal a gosto

Modo de fazer:

1 – Pique a linguiça toscana ainda congelada em pequenos pedaços (a toscana congelada vai facilitar o picar, já que ela descongelada não tem textura de corte). Tempere com pimenta do reino e reserve.

2 – Em uma panela quente, ponha o azeite e em seguida refogue a cebola e o alho.

3 – Acrescente a toscana e frite.

4 – Depois de frita, ponha o molho de tomate, o vinho, o tablete de costela e as duas mostardas.

5 – Misture e abaixe o fogo. Deixe o vinho evaporar, em média, esse tempo é de 10 minutos.

6 – Corrija o sal e a pimenta e ponha as folhas de alecrim. Deixe ferver um pouco e desligue o fogo.

7 – Cozinhe meio pacote de macarrão do tipo Fettuccine, deixe no ponto al dente e agregue ao molho.





Resultado final. Refestele-se no regozijo.


sábado, 14 de agosto de 2010

CHEIROS

Responda rápido. No âmbito gastronômico, qual dos cinco sentidos humanos é o mais importante? Suponho que você tenha pensado no paladar. É uma resposta racional. Sim, o gosto é digno de apreço, ainda mais se for avaliado de forma sorrateira. Mas em linhas gerais não é tudo. Principalmente nos dias de hoje, no mundo globalizado, em que a ausência de um ingrediente fundamental – o tempo – vem mudando os hábitos alimentares, exigindo rapidez até hora de comer. As pessoas praticamente não percebem o que comem, em pé, diante da televisão, no trabalho, pela rua, comer é um ato quase sempre mecânico. Talvez um antídoto para isso, que a pós-modernidade ainda não tenha privado, seja nossa capacidade de ser transportado pelo cheiro. Esse sim, essencial em uma comida.


Não se trata de mero romantismo, é que cheiros podem se tornar inesquecíveis. Cada pessoa tem o seu predileto; e, junto a ele, somos surpreendidos por uma gama de reminiscências. E basta uma mínima lembrança para que tudo volte: a temperatura do momento, a felicidade ou a tristeza que se sentia, as imagens de quem estava perto, tudo. Aromas podem ser alegres ou tristes. Era muito bom quando se estava em casa, antes do almoço, e se sentia o cheiro de alho e cebola refogando para se fazer um arroz, ou uma carne de panela. Quantos segundos você leva para atravessar o tempo e voltar aos seus 9 anos? Comida não nutre apenas o corpo, também alimenta os sentidos. Posso ainda lembrar do que costumava vestir nesse horário, do que estava fazendo, do nome da empregada.


Lembro quando há muitos anos ia passar as férias na casa de minha avó materna, Eloíza. Ah, casa de vó tem aromas especiais, como o do piso da casa encerada. Bastava chegar para ouvir: “Cuidado para não escorregar”. Que cheiro limpo, honesto, de gente direita. Será que isso ainda existe? O da comida então merece capítulos a parte. O cheiro do café coando, anunciando que o dia começou, o da macaxeira cozinhando, da carne de charque escaldando - quando fritava com cebola, então- do pão quentinho dentro da cestinha. São cheiros absolutamente inesquecíveis, e como a máxima faz supor, me recordo até hoje. Lembro também que em frente a casa dela vendia-se tangerina. E comê-las era uma de minhas diversões da tarde. Aliás, tangerina não, mexerica; aquela pobre, da casca fina, que deixava a mão cheirando durante três dias. Esse é um cheiro muito alegre.


Mas também tem cheiros de sofrimento que até hoje tenho trauma. Vovó tinha um pé de abacate em casa, e me obrigava a tomar a vitamina da fruta. Era um copo largo e comprido que devia caber uns 500ml. Bebia a pulso, na marra, segurando o vômito. Até hoje, poucas coisas me fazem enjoar tanto, quanto o cheiro de abacate com leite. O cheiro do bolo de cenoura saindo do forno também é para sempre. E se for de tabuleiro, cortado grosseiramente em quadrados, com cobertura de chocolate então... Um detalhe precioso: naquele tempo, por mais que se comesse não se engordava, e em cima da mesa havia sempre um vidro Biotônico Fontoura para abrir o apetite. Que felicidade ter vivenciado a infância na casa de avó!

 
E não é só de comida que existem cheiros. Na categoria angustiante têm os de hospital, de sala de cirurgia, de cravo (flor). E existem os aromas ricos: de carro novo, charuto, dólar (a moeda tem um cheiro peculiar). Cheiros afrodisíacos, como o de sexo que fica.Cheiro de paixão ou repúdia, quando sentimos a fragrância do perfume que um antigo amor usava. Por falar nisso, o cheiro do homem/mulher que se ama, depois do amor, é melhor nem lembrar para não desmaiar de saudade.

 
Os lugares também têm seus cheiros, cada uma muito particular: se for levado, de olhos vendados, para o Pelourinho, saberei na hora que estou em Salvador (a cidade tem perfume de dendê). E se respirar um aroma de cominho misturado ao coentro terei certeza que estou em algum boteco do Recife. Mas poucos cheiros são tão especiais quanto o de uma cozinha em movimento, pois ventre que é, ali se aquecem os materiais da vida.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Será que somos mesmo livres?

O que é a liberdade? Será que essa força humana ainda representa a autonomia de um ser humano racional? Acho que não, e chega a ser paradoxal. Em uma época na qual fala-se e defende-se tanto essa palavra, as pessoas parecem estar, cada vez mais, distantes dela. No último post deste blog, fiz uma relação comparativa entre Ivete Sangalo e Claudia Leitte. E em menos de 5 horas obtive mais de 1.300 acessos. Mas o que me assustou não foi isso, foi o baixo nível da repercussão que tive que assistir.


Se a alguém interessa saber, vou lembrar. Isso aqui é um blog. Trata-se, genuínamente, de uma expressão pessoal. Opinião minha, logo, falo sobre o que eu quiser, e como quiser. É uma perspectiva que criei para mim: escrever sobre as coisas que julgo entender da forma que me é conveniente. A palavra ainda é o meu domínio sobre o mundo. E a diversidade das experiências que elaboro por aqui é tão rica para mim, e para alguns leitores, que só posso lamentar que mais pessoas não tenham essa oportunidade. Talvez seja essa falta de perspectivas que gerou um “debate” (e põe aspas nisso) tão inócuo – para não falar dos comentários que recebi aqui e na minha caixa postal (invariavelmente anônimos, claro), que beiravam (quando não ultrapassavam) o limite da cordialidade virtual – uma tentativa pífia de transformar episódio num escândalo.


Ambas cantoras são figuras públicas, portanto, estão sujeitas a este tipo de comentário (piores, até). Não estou aqui imbuído do espírito de causar polêmica, sensacionalismo e que tais, não. Tanto que escrevo sobre os mais variados temas. Escrever é corporificação do meu ofício, e ainda é o que mais gosto de fazer. Sugiro aos fãs de Claudia Leitte que façam como eu, criem um blog e falem o que quiserem, “exttravasem”. Até porque, como diria o escritor George Orwell, “se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir”. Se tenho algo a lamentar, é de não ter feito essa crítica antes.