Cafuçu. Neologismo criado neste corrente século para designar alguns exemplares rústicos de homens. E seguiu o inevitável destino de toda palavra nova, caiu na banalização. Como resultado, cafuçu passou a ser qualquer um, só depende de quem chama. O que é uma injustiça, justiça seja feita. Tem gente que fala e não sabe nem do que se trata. Embarca no modismo engraçado da expressão e tome adjetivação cafuçônica.
É injusto porque cafuçu tem um valor que passa longe da trivialidade. Com grande disposição e competência sexual, é um tipo sociológico de grande utilidade pública. Rígidos com palavras e doces como amantes, não costumam deixar mulheres carente na mão - literalmente. A corrente de prata (?) no pescoço, logo estabelece o filo dessa espécie masculina. Uma liturgia de consagração. Se ficar na dúvida, dá para arrematar a certeza observando outras peças na indumentária: bermuda estampada ou jeans (desbotada), camiseta regata, sapato coyote, Ray-ban aviador made in Dantas Barreto. Seja usado tudo junto ou separado. Cafuçu de verdade não tem pudor.
De aspecto físico, bigode afinado, cabelo com algum efeito de (bom) gosto duvidoso e um corpo bem trabalhado. Fruto de um trabalho muscular de todo santo dia, o físico arremata suspiros. Sarado é redundância, é algo próximo a malicioso. O braço então, é chave de prisão perpétua, sem direito a banho de sol. O membro superior também é o responsável em tirar a carteira e o celular e colocar em cima da mesa do bar. Dono hábitos rudes e de refinamento algum, no ônibus, por exemplo, não se intimida em ouvir suas músicas em um volume coletivo. No bufê de festas, é o primeiro a descobrir a porta entre a cozinha e o salão, e oferece propina ao garçon em troca de um "atendimento especial".
Existem em todas as profissões, acredite. Muito embora, em alguns ofícios é barbada encontrá-los: motoboy, jogadores de futebol, entregadores em geral, garçons, caixas de supermercados, policiais, bombeiros, instrutores de auto-escola, músicos de banda... a lista é longa. Em linhas gerais, é o trabalhador braçal, que sabe trocar uma lâmpada, um botijão de gás, pintar uma parede. “Um homem não para conversar, mas para levar para a cama e resolver seus problemas”, simplifica uma amiga. Já uma outra, profunda conhecedora da alma humana, também tenta definir. “Cafuçu é aquele sujeito que não tem muito requinte intelectual nem disposição financeira. Tampouco liga para moda. Mas que te leva no forró e te faz sentir mulher”.
Alguém já disse que a humanidade se divide entre os que usam e não usam guarda-chuva. Eu vou além, acho que, na verdade, as pessoas se distinguem quando assumem que gostam de um cafuçú e quando mentem. Afinal de contas, cafuçu é irresistível porque põe a boca em tudo.
Um comentário:
Adorei o Blog e principalmente esta matéria! Ah cafuçu cafuçu, adooroo e o texto sintetizou tudo perfeitamente!
Postar um comentário